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Temos que melhorar – parte 2.

Temos que melhorar – parte 2.

OPA! Tudo beleza pessoal?

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) realizaram uma pesquisa sobre “como o consumidor brasileiro se relaciona com suas finanças, levando em conta as práticas adotadas para controle do orçamento e as dificuldades enfrentadas no dia a dia”. A amostra foi de 800 pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais e com margem de erro é de 3,5 pontos percentuais. Em uma publicação anterior mostrei alguns resultados da pesquisa (clicar aqui) e nesta publicação vamos ver mais alguns resultados.

O consumidor anota as despesas básicas, mas não dá a mesma atenção aos gastos extras e de itens que não são considerados de primeira necessidade como os gastos com lazer, alimentação fora de casa, salão de beleza, roupas, etc. A atitude diante das despesas básicas é correta para elaborar um orçamento confiável, entretanto em relação aos gastos extras não se pode dizer o mesmo. Como já vimos, os gastos extras apresentam maior chance de serem esquecidos e a atenção com eles deve aumentar. E por falar em aumentar a atenção com as despesas, 17,4% não conhece plenamente o valor mensal das contas básicas.

Outro ponto a destacar é que o acompanhamento das despesas apresentou frequência inferior à adequada. Como já vimos, acompanhar as despesas é muito importante, pois as fontes de despesas são grandes e muitas vezes pulverizadas.

A pesquisa identificou que os consumidores têm os conhecimentos mínimos sobre controlar finanças, mas não conseguem colocar em prática. As principais dificuldades declaradas para adotar as práticas foram:

  • Disciplina para registrar os ganhos e gastos (26,3%).
  • Lembrar das compras em dinheiro e que não constam do extrato bancário (19,4%).
  • Falta de tempo (8,2%).
  • Não saber como fazer ou por onde começar (8,9%).

Dois exemplos dos conhecimentos e das práticas não adotadas:

  • 86,5% consideram que pesquisar preços antes de adquirir um produto é importante e saudável no dia a dia, mas apenas 51,1% fazem pesquisa de preço.
  • 77,0% consideram que juntar dinheiro para comprar algo à vista é importante e saudável no dia a dia, mas só 20,4% declararam juntar dinheiro.

Uma proporção significativa dos consumidores deve prestar mais atenção com as compras a prazo. Registrou – se que 26,4% dos entrevistados afirmaram que ao parcelar uma nova compra a prazo nem sempre se lembram do número de prestações antigas que ainda tem que pagar. E ainda mais:

  • 60,0% declararam não saber os valores anuais gastos com essas despesas.
  • 47,2% dos entrevistados em geral não calculam o quanto pagam de juros nas compras a prazo.

Até a renda deve receber mais atenção, pois 29,1% reconhecem que não sabem o valor da renda total do próximo mês.

A próxima publicação completa a série com os resultados da pesquisa.

Abraço. Inté!

Imagem de <a href=”https://pixabay.com/pt/users/mohamed_hassan-5229782/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=3219081″>mohamed Hassan</a> por <a href=”https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=3219081″>Pixabay</a>

Organizar as despesas.

OPA! Tudo bem com vocês?

Neste texto a organização ainda é o destaque, só que agora veremos como organizar as despesas. Identificar de onde vem o dinheiro, a sua renda, é mais fácil do que identificar para onde vai o dinheiro, as suas despesas. Opa! Vamos ver por quê?

Mas antes de tratar especificamente das despesas, vou destacar dois pontos muito interessantes que algumas pesquisas recentes mostram. São duas informações importantes sobre o perfil do cidadão brasileiro: boa parte da população não sabe como gasta o dinheiro e uma parte considerável encontra-se endividada atualmente. São informações que sugerem certo descaso com a organização das despesas, um ponto importante do planejamento financeiro.

A tarefa de organizar as despesas é a mesma de organizar a renda, é preciso identificar a composição das despesas e associar a cada um dos componentes um valor. Essa organização também deve ser feita por mês e, assim como a renda, o primeiro mês será mais trabalhoso que os meses seguintes.

As despesas podem ser classificadas como despesas fixas e despesas variáveis.

As despesas fixas são as despesas em que os valores não variam ou variam muito pouco.

Aluguel e prestação de financiamentos são exemplos de despesas fixas.

As despesas variáveis são despesas com variação significativa de valor.

As contas de energia e água e as compras de supermercado são exemplos de despesas variáveis, pois os valores variam conforme o consumo. São despesas com frequência mensal e algumas delas mais de uma vez por mês.

Outro componente importante são os compromissos sazonais.

Os compromissos sazonais ocorrem em instantes determinados de tempo, em ocasiões específicas.

As despesas com material didático e uniforme da escola, o pagamento de impostos como o IPTU e o IPVA e o pagamento de seguros são alguns exemplos.

Na primeira lista que for organizar deve-se prestar atenção aos compromissos já assumidos, isto é, aos cheques pré-datados, carnês, fatura de cartão de crédito (se você tem mais de um cartão tenha muita atenção), prestações (sabe aquela compra que você dividiu em apenas duas ou três vezes) etc.

Uma possível lista de despesas fixas poderia ser: aluguel, condomínio, prestação de financiamento da casa ou do carro, mensalidade escolar dos filhos, mensalidade da faculdade, mensalidade do curso de idioma, academia, clube, TV a cabo, internet, telefone fixo, telefone celular, plano de saúde, etc. É uma lista que varia conforme o caso, pois cada pessoa, ou família, tem a sua lista particular.

Já a lista das despesas variáveis poderia ser: conta de energia (conta de luz), conta de água, compras do supermercado, compras da padaria, açougue, feira, farmácia, restaurantes, bares, passeios, viagens, cinema, teatro, shows, etc.

Opa! Que lista grande! É grande sim e é preciso prestar atenção porque os valores podem variar muito. Variação que não acontece na renda da maioria das pessoas.

O que vimos até aqui responde a pergunta do início do texto. Ao terminar de listar as despesas o leitor poderá confirmar que a lista das despesas é maior que a de renda, o que pode gerar uma situação de descontrole. Isso mostra que registrar esses valores é muito importante. O registro pode ser feito em uma caderneta ou em uma planilha eletrônica, escolha a maneira que achar melhor e para facilitar o registro os extratos bancários, notas fiscais, recibos de pagamentos, comprovantes de utilizações de cartões, anotações pessoais, etc. são de grande ajuda nessa tarefa. Entretanto, existem despesas em que os registros não são necessários. O leitor deve prestar atenção nelas, pois elas podem ser esquecidas facilmente.

Para facilitar ainda mais o entendimento das despesas e do orçamento o leitor deve agrupá-las. Alimentação, habitação, transporte, lazer e educação são alguns exemplos comuns de agrupamentos. Agrupando as despesas será possível calcular os percentuais, os pesos, de cada um deles no orçamento. Os agrupamentos ajudam a conhecer e entender melhor o orçamento e também a tomar decisões mais confiáveis como veremos depois.

Assim, completa-se a atividade de organizar.

Abraço e até a próxima!

Um pouco mais sobre dívidas.

OPA! Tudo bem com vocês?

Em uma postagem anterior (ler aqui) vimos que as proporções de famílias endividadas, segundo a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), são consideráveis. Agora vamos avaliar a composição, os principais elementos, da dívida das famílias brasileiras.

Ficou curioso? Então lá vai:

Tipo de dívida % de famílias
Cartão de crédito 78,0
Carnê 14,4
Financiamento de carro 10,0
Financiamento de casa 8,5

Esses dados são da pesquisa de março de 2019, mas o gráfico que segue mostra que não há diferença muito grande nas proporções desde março de 2018.

Gráfico 1: Percentual de famílias por tipo de dívida.

Observe que o cartão de crédito é disparado o principal elemento das dívidas das famílias brasileiras. Os carnês ficam em segundo lugar, porém muito distante do cartão de crédito. Já vimos que dívidas geradas por financiamentos de valores altos como os de casa e carro podem não criar problemas, desde que se tenha controle sobre o seu orçamento, consiga controlar os gastos. Mas é sempre bom ter atenção especial, pois são financiamentos de valores altos e preparar um orçamento pode ajudar muito. Esses tipos de dívidas aparecem em 3°, financiamento de carro, e 4° lugar na pesquisa com 10% e 8,5% respectivamente.

Os dois primeiros lugares da lista, cartão de crédito e carnês, nessa ordem, estão vinculados ao consumo e “diante dos impactos do hiperconsumo, ações educativas são bem-vindas” (ler mais sobre o assunto aqui).

Um dos impactos, como se pode ver pela pesquisa Peic, é um nível de endividamento considerável. E aqui observo que a pesquisa não entra em detalhes dos impactos, das consequências, do endividamento na vida das pessoas. Seria interessante que o leitor refletisse sobre a própria situação, principalmente os que se encontram na situação de endividamento.

Ações educativas podem contribuir para consumir de forma consciente e para evitar o consumismo compulsivo. Não é errado querer as coisas que não são essenciais, mas o melhor é que as decisões de consumo sejam tomadas com equilíbrio entre a razão e a emoção.

Este equilíbrio pode ser conseguido com boas noções de educação financeira, um processo educativo que pode contribuir para uma vida melhor.

Tudo de bom e até a próxima.

Créditos:

<a href=”https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/cartao-de-visita”>Cartão de visita vetor criado por macrovector – br.freepik.com</a>

Um pouco sobre dívidas.

OPA! Tudo bem com vocês?

O final de um ano e o início do ano seguinte é uma época de muita alegria. E motivos não faltam afinal festejamos o Natal e o ano novo, recebemos o 13º, mais adiante tem carnaval, muitos eventos bons.

Mas, como já vimos, também é preciso prestar muita atenção em outros eventos: compras de natal, pagamento de IPTU, IPVA, matrícula, material e uniformes escolares, etc. São despesas que se somam às despesas usuais e é necessário mais recursos. Os cuidados com esses eventos se justificam para evitar começar o ano fazendo muitas dívidas.

A imagem deste post é uma piada com uma situação muito comum nesta época do ano. A pessoa recebe o 13º, paga as dívidas e logo em seguida faz mais dívidas. Não é uma boa maneira de começar o ano, mas pesquisas recentes mostram que a proporção de famílias brasileiras terminaram 2018 e vão começar 2019 endividadas e em proporção considerável. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mais da metade das famílias brasileiras, 60,1%, encontravam – se endividadas em janeiro de 2019. OPA! Muita gente.

A Peic é uma pesquisa mensal realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde janeiro de 2010 e pode ser consultada aqui:

http://cnc.org.br/central-do-conhecimento/pesquisas/economia/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumido-11

Alguns pontos que destaco dessa pesquisa:

Em janeiro de 2019:

  • Famílias endividadas: 60,1%.
  • Famílias com conta em atraso (inadimplentes): 22,9%.
  • Famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso: 9,1%.

Valores médios para o período de julho de 2018 a janeiro de 2019:

  • Famílias endividadas: 60,3%.
  • Famílias com conta em atraso (inadimplentes): 23,3%.
  • Famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso: 9,5%.
  • 50,5% dos endividados tinham entre 11% e 50% da renda comprometida com a dívida.
  • 20,1% dos endividados tinham mais de 50% da renda comprometida com a dívida.
  • A parcela média da renda comprometida com a dívida é 29,5%.

Aproveito a oportunidade para lembrar o que é dívida:

“É uma quantia que se tem de pagar a alguém.”

E também lembrar que nem sempre as dívidas são problemas. OPA! Como assim?

Caso você tenha controle sobre o seu orçamento, consiga controlar os gastos e tenha uma previsão de quitação, a dívida não deve se tornar um problema. Mesmo que sejam dívidas geradas por financiamentos de valores altos, como carro e casa.

O tipo de dívida de maior proporção apresentado pela pesquisa é o cartão de crédito. Uma simples compra com um cartão de crédito gera uma dívida e o melhor a se fazer é pagar na data de vencimento do cartão para não pagar juros. Evite o parcelamento! Lembre – se também que vivemos na “Sociedade do Hiperconsumo” (clique aqui para ler) e quem seguir o ritmo exagerado de consumo característico dessa sociedade, ainda mais com o apoio das facilidades que um cartão de crédito oferece, pode se deparar com dificuldades de pagamento em pouco tempo.

Crédito é uma fonte adicional de recursos que possibilita a antecipação do consumo.  São recursos obtidos de terceiros, não são seus e se você pegar muito pode ter problemas para pagar depois. Então prepare – se, faça o seu planejamento (use a orientação OPA), pense em consumir com segurança. Agindo assim a dívida do cartão não será um problema.

Voltando às dívidas das famílias, a pesquisa indica que a proporção de famílias endividadas é grande, porém a proporção de inadimplentes é bem menor e das que não terão condições de pagar as dívidas em atraso é menor ainda. Mesmo assim é preciso cuidado com a situação.

Outro ponto que observo é a parcela da renda comprometida com a dívida. Entre julho/18 e janeiro/19 20,1% dos endividados tinham mais de 50% da renda comprometida com a dívida, parcela de comprometimento alta não acha? Para alguém nessa situação, quais seriam as consequências de um imprevisto?

A parcela média da renda comprometida é mais baixa, encontra – se em torno de 29%, mas mesmo assim é considerável.

Seria possível escrever mais sobre os resultados da pesquisa, mas, se você já leu o texto até aqui, agora pense na sua situação! Avalie a sua situação e tome as medidas necessárias. Você pode fazer uma avaliação da situação respondendo às seguintes perguntas (é um bom início):

  • Você está muito ou pouco endividado?
  • Qual a parcela de sua renda está comprometida?
  • Você está com contas em atraso?
  • Está em condições de pagar as dívidas em atraso?

Mais uma evidência da importância da educação financeira. Até a próxima.

 

Sobre consumismo, felicidade e educação.

Sobre consumismo, felicidade e educação.

OPA! Tudo bem pessoal?

Aproveito a ocasião, uma Black Friday, para postar integralmente um artigo muito interessante publicado no jornal Extra Classe, do SINPRO – MG, em dezembro de 2012, mas ainda bem atual. Uma análise bem interessante mesmo, vale a pena ler e refletir. Boa leitura!

Sociedade consumista

Diante dos impactos do hiperconsumo, ações educativas são bem-vindas.

“O consumismo descarta nossos modos naturais humanos de exibir características e nos mantém ocupados demais trabalhando para consumir sempre mais”.

 

Esse pensamento do psicólogo Geoffrey Miller, professor da universidade do Novo México (EUA), traduz a realidade vivida hoje por milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Acordar cedo, correr para o trabalho e se esforçar muito para ganhar dinheiro. Depois de tanto correr, é hora de comprar e gastar, vestir roupas da moda, portar novos acessórios, e assim estar ”pronto” para o convívio social, superficial. Repletos de bens de consumo e exaustos no outro dia, é preciso trabalhar mais para pagar as contas das compras feitas, e assim gira a roda do capitalismo.

“O consumo é um fenômeno social, cultural, de troca. No tempo em que vivemos, consumir é imperativo. É como se não existisse a possibilidade de não consumir”,

destaca Laura Guimarães Corrêa, doutora em Comunicação, professora e coordenadora do GrisPub – Grupo de Pesquisa em Publicidade, Mídia e Consumo da UFMG. Para ela, o consumo é uma espécie de identidade na atualidade.

“As pessoas consomem para fazer parte de um grupo social, para serem reconhecidas como sujeitos capazes de consumir, e ainda como recompensa ou merecimento diante das dificuldades cotidianas”, alerta.

O momento atual é também conhecido como Sociedade do Consumo. Em uma avançada etapa de desenvolvimento industrial capitalista, essa sociedade se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços, disponíveis graças a sua elevada produção. Esse desenvolvimento, que alterou os padrões de consumo, no entanto, trouxe fortes impactos para o mundo em que vivemos. Desequilíbrio populacional, destruição do meio ambiente, pobreza estrutural, desigualdade social, violência, mudanças de valores e comportamentos, materialismo são alguns dos problemas a serem enfrentados na atualidade.

Felicidade inatingível.

Um dos pilares da sociedade do consumo é a publicidade, que se cria necessidades e potencializa desejos. De acordo com a professora Laura Corrêa, as pessoas consomem mais por desejo do que por necessidade.

“A publicidade se apropria disso e, a partir de diferentes estratégias discursivas, tenta promover a satisfação imediata dos desejos através do consumo. No entanto, a satisfação de um desejo é só o início de um novo desejo, pois se os bens satisfizerem quem os consome, o sistema capitalista não se sustenta”, destacou.

De acordo com o professor Ricardo Teixeira da Veiga, doutor em Administração e pesquisador do Núcleo de Estudos do Comportamento do Consumidor da UFMG, as necessidades e desejos muitas vezes são construídos pelas próprias empresas.

“A pessoa passa a consumir pelo signo, pelo simbólico, não pelo valor de uso do produto”, destaca.

Para Renata Livramento Mendes, psicóloga e doutoranda em Administração e Marketing, devemos pensar nos nossos valores para então fazer escolhas de consumo, ao invés de atribuir valor ao que consumimos. Segundo ela, essas contradições caracterizam o nosso tempo, em que se cultua um ideal de felicidade inatingível.

“As sociedades estão cada vez mais ricas, ao mesmo tempo em que há um número crescente de pessoas que vivem na precariedade de recursos. Há também um grande número de pessoas que sentem uma falta constante, mesmo consumindo. Perseguem o ideal de uma felicidade plena, que não existe. Existem momentos felizes que se somam”, pontua.

Hiperconsumo.

Já se nomeia essa época de intensa busca pela satisfação dos desejos como Sociedade do Hiperconsumo. Para Gilles Lipovetsky, professor de Filosofia na Universidade de Grenoble (França), essa á uma nova fase do capitalismo;

“Eis que nasce um terceiro tipo de homo consumericus, voraz, móvel, flexível, liberto da antiga cultura de classe, imprevisível nos seus gostos e nas suas compras e sedento de experiências emocionais e de (mais) bem estar, de marcas, de autenticidade, de imediatismo, de comunicação”,

aborda o autor de A Felicidade Paradoxal – Ensaio sobre a Sociedade do Hiperconsumo. Nesse ritmo de consumo exagerado, cresce o vazio e o sofrimento diante da insaciedade.

“O que nos faz sofrer não é a escassez, é o excesso de oferta. Ao consumir demasiadamente, estamos sendo consumidos”,

alerta Luciano Sotero Santiago, mestre em Direito e promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais. Para ele é preciso e possível resistir às armadilhas do consumo.

“O mercado aliena o meu desejo, consegue transformar valores em mercadoria. Mas posso refletir: esses valores do mercado não meus”.

Consumo no Brasil.

Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/09, feita pelo IBGE, a família brasileira gasta, em média, R$ 2.626,31 por mês, e as do Sudeste gastam mais (R$ 3.135,80), quase o dobro das famílias do Nordeste (R$ 1.700,26), que têm a menor despesa. Desigualdade semelhante é encontrada entre a despesa média nas áreas urbana (R$ 2.853,13) e rural (R$ 1.397,29). No Sul e no Sudeste, as famílias de menor rendimento mensal (até R$ 830,00) gastam em média mais do que recebem (R$ 929,75 e R$ 831,67, respectivamente). As despesas de consumo são o mais importante componente das despesas das famílias e representam 81,3% do total (ou R$ 2.134,77) nacional.

Educação para o consumo.

Debates como esses em torno da temática do consumo fizeram parte do II Seminário Educação para o Consumo, realizado em 29 e 30 de outubro de 2012, pela Escola Estadual de Defesa do Consumidor, do Procon-MG. Além desse evento, a Escola promove cursos e atividades voltados para a formação de professores e estudantes na temática do consumo consciente, entre eles o projeto Procon Mirim. Informações em: www.mp.mg.gov.br/procon.

Para o promotor Luciano Sotero, o professor tem um papel fundamental na formação de cidadãos mais conscientes.

“É preciso que o professor também tenha uma visão crítica. E na sociedade de consumo é muito difícil ter uma visão crítica, porque a todo momento nós somos bombardeados pela educação do capital”, alerta.

De acordo com o professor Ricardo Teixeira da Veiga, doutor em Administração e pesquisador do Núcleo de Estudos do Comportamento do Consumidor da UFMG, a educação colabora para que os cidadãos sejam mais críticos e menos sujeitos às armadilhas do consumo.

“Os caminhos para a construção de um mundo menos consumista e mais sustentável passam por estimular as pessoas para uma participação social mais construtiva, seja através da educação, da política, da ecologia, do humor e da vida baseada em valores como simplicidade, solidariedade e ética”, aponta.

Jornal Extra – Classe 139/dezembro 2012.